O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, abril 05, 2008

Na Essência do Feminino o verdadeiro feminismo...

O feminismo em geral e nos nossos dias tem uma conotação bastante depreciativa, mas guardado na sua verdadeira acepção, tal como eu o entendo e numa visão mais abrangente da Vida e do Natureza, devia forçosamente ter a ver e tem, com uma essência do Ser feminino e portando com uma Dimensão do Sagrado, consagrada que é a mulher pelo seu dom natural de conceber e ser mãe, para além de amante e vidente. Ou seja, amada na mais venerada das Deusas da antiguidade, a Deusa tríplice no seu aspecto jovem apaixonada, mãe e sábia…e cujos mistérios prevaleceram como iniciação maior durante mais de dois mil anos…antes de Cristo.

Como já tenho escrito, essa dimensão não é de todo a noção religiosa cujos preconceitos assimilamos desde crianças, que opõe uma Virgem imaculada e uma Maria Madalena pecadora, que divide ou cinde a mulher dentro de si mesma em dois seres antagónicos. É justamente, através desta percepção e pela compreensão dessa divisão interna, ao desemaranhar esta complexa teia que a prende a um fundo inconsciente, diria mesmo pantanoso, nesse antagonismo psicológico e emocional que a asfixia e faz agonizar até à somatização de doenças iniciáticas, que ela se pode libertar.
Por isso urge a necessidade da mulher unir conscientemente esses dois aspectos do seu ser, antagonizados ao longo da sua vida por preconceitos milenares mantidos ainda em vigor por essas religiões que pretendem a mulher sujeita e reduzida a um contrato de casamento ou então condenada à prostituição seja qual for o tipo de prostituição a que a mulher é forçada pelas circunstâncias da sua vida sem apoio social nem lugar num mundo que a obriga a corresponder a asses dois modelos preconizados pelo patriarcado, senão a bane e excomunga.

Não podemos portanto dissociar mais o feminino profundo da sua matriz ontológica, nem do seu Princípio Cósmico. Porque é nessa dissociação ignorante do mundo visível e invisível que a rejeição do sagrado começou e todos equívocos possíveis até à degeneração do próprio sentido da vida e seu sentido último, uma vez que é retirado à Mulher o seu poder inato que vem naturalmente do cosmos e da mística ou da transcendência manifesta herança ancestral da nossa Mãe e Deusa a que estamos geneticamente ligadas. A Deusa Mãe e a Mulher e a sua ligação à Natureza, ainda que relegadas pela sociedade e cultura do dinheiro, digo antes, filosofia patriarcal, para o campo da mitologia ou do paganismo, não deixam de corresponder a um fundo nosso ligado ao Inconsciente Colectivo e inerente à essência mesmo do “eterno feminino”, noção tão escamoteada e renegada pelas correntes marxistas e filosofias materialistas em confronto com os preconceitos religiosos que aprisionaram a mulher nessa antinomia.
Só a ignorância dessa dimensão do sagrado, associada à crença sem conhecimento das leis do Universo, pelo reducionismo mental e racional das militantes feministas, justifica a grande confusão existente quer entre as feministas politizadas, quer entre as mulheres ditas intelectuais ou as ditas “femininas” que se não revêem no feminismo e o rejeitam sarcasticamente e por isso não o defendem a Causa das mulheres como uma causa comum.
Falta nisso tudo o que se faz e o que se lê, o que se estuda e tudo o que se divulga por movimentos e encontros de mulheres, o elemento de união entre si mesmas, o elemento de fusão pela integração das duas mulheres divididas pelo dogma católico, que só uma vez reunidas poderão solver as divergências dos vários feminismos…

Quando compreendido finalmente não só que a suposta inferioridade da mulher não é natural nem biológica mas também que a sua problemática não é existencial, mas essencial, e que os seus imensos problemas e os seus conflitos não derivam apenas de circunstâncias sócio-económicas, mas essencialmente de uma divisão interna sofrida ao longo de séculos através da destruição maciça do significado do Princípio e da verdadeira essência do feminino em todos os esferas e sentidos da vida desde há milénios e cujo resultado é catastrófico para toda a Humanidade se a Mulher não Acordar de vez para si mesma e para o seu potencial divino…para lá de todos os preconceitos católicos e ateísmos, este por vezes, tão dogmáticos como os religiosos…

rlp

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