O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 01, 2008

O vazio interior


"Na sua lógica actual, o sistema televisivo vampiriza a interioridade das pessoas. Ele esvazia cada um da sua substância, para o encher das suas exibições fictícias. Ele mata a cultura na forma como a celebra. Certo, vão-me objectar, por vezes há “boas” emissões, como há imensas pessoas que sabem usar de modo restritivo e selectivo a caixa das imagens. A essas objecções responderemos (...) que a televisão é tanto ou mais nociva quanto mais o não é por vezes, porque sem qualquer sombra de dúvida, ela caminha hoje globalmente num sentido de escravidão mental dos povos. *
(...)

O primeiro efeito ideológico deste divertimento com um alibi informativo a que se chama televisão consiste em dissuadir de olhar outra coisa qualquer. Ela tenta-nos com o fantasma dum apanhado global do mundo pela imagem. Esta promessa de totalidade é também uma promessa de imediatismo. Uma grande vertigem se apodera do cidadão. Ele vai conseguir ver tudo o que se lhe oferece à visão instantâneamente!
(…)
Pior ainda: é que a realidade do cidadão espectador encontra-se desde logo, desvalorizada pelos mil acontecimentos e uma “realidade” sociais ou mundias com os quais é bombardeado permanentemente. A televisão desqualifica tudo o que se não passa na televisão, quer dizer a maior parte da vida dos homens. E eis que aquele que julgava devorar o mundo pelos olhos não experimenta mais do cada niute, a sua total impotêncai perante um mundo do qual depende a sua vida.*

*
François Brune, auteur de Les médias pensent comme moi ! (L’Harmattan, 1997).

NOTA À MARGEM:

São as televisões que promovem e elegem as personagens mais escabrosas da vida política e social, destacando os piores a que dão sucessivas entrevistas e protagonismo. São consequentemente essas as personagens que acabam por dominar a vida social e ganham votos...

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