O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, maio 25, 2008

O SOFRIMENTO PESSOAL

"O sofrimento pessoal começa quando somos crucificados entre dois opostos. Se tentarmos abraçar um sem pagar tributo ao outro, degradamos o paradoxo ao nível da contradição. Todavia ambos os lados dos pares de opostos devem merecer e ter igual mérito. O sofrer a nossa confusão é o primeiro passo para a cura. "(1)

"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam."

In "OWNING YOUR OWN SHADOW" Robert A. Johnson

(1) Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir

Realmente há muitas pesssoas que se não permitem sofrer...ou consciencializar da sua sombra; não aceitam ver o seu outro lado e refugiam-se nas crenças que as instingam a ser sempre boas e positivas...pensar sempre o bem e fugir do mal...sem nunca perceber que essa dualidade do ser é inerente à condição humana e que só será superada num plano superior de entendimento que passa por uma qualquer iniciação (meditação) em que depois de integrar a sua sombra simbolizada na descida aos infernos, aceitação da face negra em nós e passar pela porta proibida pelo dogma, vencido o medo da escuridão, pode então Ver a Luz e compreender que ele é mais do que a expressão da sua dualidade bem e mal e que a noção de bem e mal diferem de cultura para cultura, de tradição para tradição, de religião para religião e com os séculos...

Por isso, passar da discórdia para o paradoxo, do plano racional para o sagrado é tão difícil porque as pessoas comuns não suportam essa coexistência por uma ideia falseada e mental de ser coerente associada à "bondade" católica. Superar esse plano é fundamental, como é fundamental que tenhamos sempre presente os dois lados do ser, compreender o feminino na sua totalidade e unir os dois polos da nossa humanidade, para enfim perceber que só na visão interior, superior porque acima do mental redutor, percebemos que o que está em cima é igual ao que está em baixo. rlp
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"A aprendizagem da realidade sem rosto é dolorosa, assusta (porque destrói o ego) mas é uma aprendizagem que se faz"(...)
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"O amor, explica Aristófanes, é a força que recompõe a primitiva natureza andrógina, reunindo dois seres num só e curando a ferida de que sofrem. A antiga natureza humana era um todo que reflectia o modelo cósmico do par céu-terra (o céu e a terra dos quais a lua e o andrógino tiraram as suas qualidades), pois nos mitos de criação a bissexualidade divina é o fenómeno mais espalhado. Como obbserva Eliade, "a androginia divina não é senão uma fórmula arcaica da biunidade divina"
in LITERATURA E ALQUIMIA Y.K.Centeno

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