“Gostava de escrever um livro que pudéssemos ler em voz alta muito lentamente e onde cada frase, mesmo incoerente, seria musical e bela.”
ANNEMARIE SCHWARZENBACH (1908 -1942)
Annemarie Schwarzenbach nasceu em 1908, em Zurique (Suíça), filha de um proprietário de um império têxtil, Alfred Emil, e de Renée de Wille, sendo educada nos melhores internatos para moças ricas. Formada em História em Zurique e Paris, publicou uma obra elogiada pela crítica, "Amigos de Bernhard", mudando-se para Berlim em 1931, onde foi acolhida pela elite intelectual. Morfinômana, íntima dos malditos Mann, suicida em potencial (embora tenha morrido acidentalmente em 1942, aos 34 anos, de uma queda de bicicleta, após hemorragia cerebral e longo período de inconsciência), correspondente de guerra, arqueóloga, fotógrafa, escritora atormentada, lésbica alçada a ícone gay, mergulhou no lado sombrio da vida em um naufrágio existencial doloroso. (...)
A parte mais intensa e lírica de "Morte na Pérsia" é a alucinada descrição que faz a autora do encontro com o seu anjo, uma figura que surge das profundidades da sua psique e da memória ancestral do país. Na antiga escatologia iraniana, tanto no mazdeísmo como no maniqueísmo, o anjo era uma presença freqüente, visto como celeste e protetor (as fravartis guardias ou as daenas, jovens que ajudam a alma contra os demônios que a assaltam). A imagem da bela viajante solitária disputando com seu anjo nu, que tem suas mesmas feições, à sombra da pirâmide coberta de neve do vulcão Damavand, resulta numa evidente metáfora da vida e da paixão de Annemarie Schwarzenbach. Uma existência que ela mesmo resumiu num grito pavoroso: " Deixem-me sofrer!".
A MINHA EXISTÊNCIA CONDENADA AO EXÍLIO E À AVENTURA (annemarie s.)
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