O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 09, 2008

REFLEXÕES SOBRE O MAL E O BEM


O NOSSO MUNDO É PARADOXAL...

Os males sociais sejam os crimes mais hediondos ou as guerras, surgem do fundo do nosso inconsciente colectivo como um vulcão apagado durante muito tempo como a expressão da nossa sombra recalcada, pela não-aceitação da dualidade, bem e mal intrínsecos ao ser humano e as pessoas de facto serem “educadas” (reprimidas) para serem boazinhas na aparência enquanto escondem as suas misérias no mais fundo de si, ou na cave.
Aquilo que um grupo social ou um País esconde e não quer ver, mais tarde ou mais cedo, explode-lhe como uma bomba nas mãos ou um vulcão. Sobra cinza para cima de toda a colectividade. Da mesma maneira o “terrorismo” é só a face negra do branco…que explora e rouba e mata e vice-versa.
O erro está algures nessa mentalidade religiosa secular que não aceita essa dualidade em que vivemos e somos. E enquanto não for aceite como uma realidade inerente ao ser humano, a todo o ser humano, que tem como propósito integrá-la numa consciência superior, num outro plano, como forma de Conhecimento específico, continua a ser adoptada pelos padres e professores e lideres da nossa sociedade, apenas de um só lado de cada vez, colocando de um lado os bons e do outro os maus.
O eixo do bem e o eixo do mal…

- A religião quis o bem…e o mal é culpa do diabo…e assim se dividiu a humanidade. Sem querer ver que o mal e o bem coexistem em cada ser individualmente, enquanto na manifestação. E só aceitando ou tendo consciência dessa dualidade e evoluindo para uma consciência síntese é que o ser humano ascenderia a esse outro plano. Porém essa consciência é dada como pertença desse Deus todo-poderoso e é tornada inacessível ao Homem pelas religiões ocidentais. Só os santos, os iluminados podiam ascender a esse destino grandioso e fazer milagres.
Portanto, esses estádios ou são apanágio de santos e mártires ou de um Avatar ou Mestre, mas a Humanidade grosseira ainda não chegou a esse patamar. Assim “amar o inimigo ou dar a outra face” passa-se a outro nível de consciência que o ser comum não conhece…e pedir ao ser comum para amar o inimigo ou dar a outra a face, faz parte da utopia católica, quando se prega uma coisa e todos sabemos, praticamos outra. Porquê? é que urge perguntar.
Será que atingiremos esse plano neste mundo?

Por mim não sinto que seja AINDA capaz de amar um violador ou um criminoso; POSSO PERDOAR-LHE...MAS não o quero absolver…quero que se faça justiça; e uma coisa é explorar o crime e o sofrimento gratuitamente - como os média fazem - outra coisa é ponderar e ter discernimento seja perante estas situações, seja perante os nossos sentimentos MAIS PROFUNDOS, senão vamos continuar a fazer como os católicos fazem… continuamos uns hipócritas. Falamos em nome do amor e da compaixão, mas quem tem verdadeira compaixão ou sabe o que isso é sem ser santo, OU ILUMINADO?
Porque sem dúvida que de boas intenções está o inferno cheio!

Também o espírito cristóide, ligado à ideia de Nova Era, está a impor a mesma dicotomia e a negar o mal, sendo agora pecado não ser bom…Antes era pecado ser mau, agora é pecado não ser bom…uma leve nuance que merece ter atenção, julgo eu. Mas não basta mudar a energia…a energia só muda se a consciência mudar de dentro para fora, e a consciência da consciência não se serve em pacotes “nova era”, nem é nenhum modelo que se veste à última da hora…

Não é tão pouco a intenção que faz a diferença, porque não é uma questão de mentalização: a diferença está na consciência evolutiva, no crescer para dentro, dados os passos e feito o caminho-iniciação, e conhecido cara a cara a Luz e a Sombra.
Para ser sincera eu ainda desprezo um violador e um assassino…ainda que compreenda que algures (seja dentro de mim seja fora) tudo é apagado e a comédia ou tragédia humana cessa como quando se descem as cortinas de um palco…ou adormecemos…rlp

4 comentários:

Luíza Frazão disse...

Todos sabemos que há coisas que estão para lá do perdão, que honestamente ultrapassam essa possibilidade. São de outra ordem, esmagam-nos... Não digo menos do que isso. Simplesmente, à luz daquilo que já compreendi, não acho sensato alimentarmos a histeria que os media fomentam no colectivo. Essa diabolização onde é que nos leva? É possível vermos as coisas de outro modo. Mais: é urgente vermos as coisas doutra perspectiva, percebemos que se trata da nossa sombra, e perceber que temos que caminhar no sentido da sua integração. Quanto à justiça, não há como fugir-lhe: acredito profundamente na Lei do Carma...
Uma donzela encarcerada e abusada numa cave. Não será assim que está a Alma do Mundo? Em nós mesmos,a nível individual, não estará assim a nossa alma? Compreendamos a mensagem e agradeçamos ao mensageiro...

rosaleonor disse...

A nível simbólico é assim, mas a nível da nossa realidade sendo a mulher a ânima é ela que sofre esse cativeiro sim, e pelo facto de noutra vida eu ter sido homem e talvez feito o mesmo não posso ficar pela aceitação dos factos. Tem de haver uma consciência interactiva neste plano e não só devemos mudar dentro mas também fora na medida do possível na sociedade e no mundo...ou as coisas acontecem em simultâneo. Quanto a mim, não se trata de alimentar a histeria dos media, mas olhar sem medo nem preconceitos o mal e o bem e para isso precisamos de reflectir com lucidez, naõ é, mais uma vez o digo, estar a especular sobre o horror, mas de nada vale esconder ou não querer ver o mal que é também um erro. Não sou apologista de se falar só do bem e ignorar o mal, nem vice-versa! Esta é uma questão por demais complexa e nunca queremos dizer só uma coisa, nem a coisa que o outro entende. Nunca conseguiremos estar todos de acordo nem creio que cheguemos á questão final que á a grande questão da humanidade.Aí está o nosso drama. Por mim a optar por uma via de Conhecimento interior afastar-me-ia de toda esta realidade e isolava-me do mundo...Já o fiz e não resultou. O caminho do meio é olhar os dois lados de tudo sem tomar partido, mas é difícil quando está quente...ou doi demasiado... etc. etc.
Mas sei Luiza também do que você fala...tal com a Marian e stou de acordo com ambas.

Luíza Frazão disse...

Querida Rosa Leonor, não é a linguagem simbólica a Grande Linguagem?... Aquela que importa compreender, a que contém a mensagem que interessa à nossa alma? E não aspiramos todos nós a viver no plano da alma? Pessoalmente, estou longe de ser uma "iluminada"; mas posso dizer que sou uma aspirante ao plano da alma - correndo embora o risco do pretensiosismo espiritual... (são riscos, e afinal não nasci Carneiro por acaso...)
Ao nível da realidade imediata, o que é que eu acrescento ao condenar os factos? Será que alguém os aceita e os defende?
Claro que a vítima é uma mulher (e uma criança e uma filha...), e aí dou-lhe razão. E é bom reflectirmos sobre estes factos. Deixá-los passar em branco, como se não tivessem acontecido, seria igualmente faltarmos à justiça. Mas subir a vibração é urgente!

rosaleonor disse...

Querida Luiza eu sei que estamos a falar do mesmo só com ideias um pouco diferentes...ao nível da essência e para quem a toca tudo é diferente e não me parece pretenciosa porque eu sei que é verdadeira!Já me perguntaram porque insisto eu nesta luta terrena...mas se o não fizer fico quieta e não escrevo. Posso meditar e elevar-me sózinha. Sei que este mundo é mera ilusão...mas venho de uma tradição que diz para lutar mesmo contra os meus familiares porque eles estão mortos e não faz mal se eu os matar...era Krisna quem o dizia a e Arjuna. Quanto ao nível desta realidade pode acontecer que se você não os condenar, há quem os defenda... e os torne irrelevantes! A consciência de outro plano não nos impede de em simultânea não agir neste...não podemos é confundir os planos!Isso é que é ir para além da dualidade.
...continuamos?....