Uma Mulher, não sabe o que é a própria sexualidade, a não ser quando morrer para ela. Isto não quer dizer que perca o desejo, antes quer dizer que já não é dominado por ele. Porque enquanto não for dominada, a sexualidade, por ela, consequentemente será dominada pelo homem. Um dos profundos medos da mulher é perder a sua sexualidade; enquanto que no homem, esta perca, desperta um terror psicológico sem precedentes, porque só o facto de ter um pensamento sobre isso, a sua virilidade enquanto “macho” fica completamente aniquilada num mundo que diz “que a virilidade é algo imprescindível e que dá identidade”, é como uma espécie de marca tribal. Por outro lado, os seus testículos são a força motora da continuação da sua espécie, algo que também eles sentem pavor, ou seja que algum fique avariado ou na pior das hipóteses esmagado. Quem conhece os homens de perto, e os ouve, porque nem todas as mulheres, apesar do que lhes acontece, conhecem o homem. Poderá perceber subtilmente, até onde pode ir o seu “vorazismo”, quando recusado, quando preterido ou quando deseja alguma coisa… De alguma forma os homens são por natureza obsessivos; isto quer dizer: “obsessivos nas suas propriedades, nos seus egos, na sua superioridade”.
A mulher, enquanto tiver a sua sexualidade exposta, aberta, submetida, ela terá sempre o homem a ditar-lhe a ordem. Como ela tem medo da perca da sua própria sexualidade, do desejo que habita-a, ela não ousa dizer Não, e ao não dizer Não, ela submete-se a algo que nem ela própria o sabe, mas que o homem sabe, e através disso energiza as partes do seu ser que necessitam dessa mesma força para poderem vencer, não importa o que seja, e para aumentarem uma determinada energia que, também, necessitam. Quando a mulher, parar, e olhar o homem como ele é, e negar-lhe a força, ele não terá muitas saídas… ele terá somente duas saídas, ou cai fora e continua o percurso, ou então tem de abrir mão da sexualidade até aí conhecida, para adentrar por um outro mundo que será de longe igual aquele. Mas diga-se é preciso o homem nascer já com esta predisposição genética, caso contrário não adianta esticar a corda. No pior dos casos, acontece as tais revelações chocantes de que fulano ou sicrano praticou actos de certa índole de forma aberrativa, inumana. Pois devemos ter em mente que a vida é uma balança, onde demónio e deus têm uma ligação estreita, quando mais se massifica, mais estreita e conflituosa é essa ligação, e tudo, claro, depende do filtro com que cada um estabelece essa comunicação.
Uma mulher que tenha sido abusada sexualmente, ela nunca poderá esquecer!! Esquecer é dar continuação ao crime. Ela deve fazer ouvidos “moucos” à sociedade que lhe diz: “Esquece, é passado!” Porque na verdade, a sociedade não está interessada na vítima, ela está mais interessada no violador, no abusador, no ditador. Pretende conhecer a energia que os leva a deter esse poder “maquiavélico, desajustado”, porque de alguma forma é um poder, um poder desequilibrado e que com toda a certeza se estivesse em harmonia, seria um grande poder e transformador no sentido do bem. Enquanto que, acerca da vítima, pouco há para saber, já que o mundo é bastante povoado por submissos e basta olhar para ele, para ver com olhos de ver a realidade que é bastante denunciante.
O povo é submisso aos governos, dependem das suas leis, é dependente dos patrões e pouco “ladram” para fazerem valer os seus direitos. Vendem-se facilmente a troco de algum dinheiro, de alguma posição mais elitista. É muito fácil saber da submissão, porque ela está intimamente ligada ao medo e sobrevivência) e por outro lado, é muito difícil de descobrir como se ganha poder pessoal para se fazer aberrações. Vejamos que na maior parte das vezes a vitima está sempre lúcida dos acontecimentos, ela se lembra ao pormenor todas as coisas, raramente falha um detalhe; agora, vejamos o violador, ele nem sempre tem a memória limpa e clara quanto ao impulso. Ele nunca sabe como aquilo acontece, ele sabe que acontece. A vítima sabe que acontece lucidamente, porque ela fica sem defesa, ameaçada, coagida até ao mais ténue nervo do corpo. O violador/corruptor nunca tem pena ou sente culpa dos seus actos, já que esta é de forma misteriosa toda projectada sobre a vítima, e que de forma também misteriosa não sabe porque se assume como bode expiatório.
Isto é um jogo de forças antagónicas difícil
de serem explicadas à luz da realidade cartesiana
Acredito que existem três coisas que são fatais para a mulher: ser violada e também assistir a ela; presenciar um suicídio, e a morte de um filho/a saído das suas entranhas. Destas três, ela jamais poderá continuar ser a mesma mulher. Por mais que coloque capas, por mais que vista boas roupas, ela terá sempre esse buraco negro algures dentro dela a gritar que algo está errado. Não somente nela mesmo, mas também na sociedade. Não esquecer os actos praticados sobre si por pessoas levianas, implica continuar à alerta, perceber a sexualidade, compreender a sua própria sexualidade, libertar a sua sexualidade do medo e avançar para um lugar onde ela talvez é muito mais forte do que jamais poderia imaginar. Acredito que a violada é detentora de um poder sagrado, talvez por isso as coisas acontecem assim de forma tão brutal, prosaica, grosseira. Embora, haja mulheres que mesmo após serem violadas continuem normais como se tudo aquilo não fosse nada, ou por exemplo outras que após isso, envolvem-se num mundo de sexo obscuro, onde buscam homens para os usarem e deitarem fora, como se com isso estivessem a redimir o fardo. Procuram uma vingança que nunca terá saída e acabam sim por ficarem engolidas no seu próprio veneno. Acabando de alguma forma doando o poder a todos os homens de uma forma inconsciente. Vejamos o caso de Oprah, violada aos nove anos se não me engano, apesar de todos os sucessos, ela revelou esse episódio da sua vida, e ousou oferecer X dollares a quem encontrasse violador tal que se encontrava “a monte”. Ela não esqueceu e nem colocou para trás das costas o sucedido. Ela fala e denuncia ao mundo que existe estas realidades, realidades que o povo continua a querer fechar os olhos, assim como para a realidade do Ser Mulher. Quantas vítimas abrem a boca para denunciar crimes? Poucas, não é verdade? E se alguém se atreve a denunciar ou “conversar” sobre isso, que atitude do ouvinte recebe?Até os próprios ditos psicólogos não estão ou não foram preparados para isto. Há tanta gente que grita ao mundo de que foi vitima, e os “ouvintes” parecem não ouvir. O que sei, é que toda a gente está preparada para receber o seu “cachet”, mas não para ajudar de facto. As pessoas fazem “ramais” para não ouvir, e preferem conduzir a outros assuntos mais práticos e mais passíveis de serem ajudados. Portanto, a vitima é um ser solitário, porque nem Deus a ouve, no entanto o demónio ouve bem o violador, tanto que lhe dá regalias para continuar a usufruir de uma boa dose de protecção e de lucros, não importa que seja para a satisfação emocional por via do prazer, quer a satisfação material por via de riquezas. Já agora, vale apena pensar em Cristo. Crucificado e a berrar ao Pai que o tirasse daquela situação adversativa. Ele ainda tem a coragem de dizer: “Oh, Pai, Perdoa-os porque não sabem o que fazem!” Há Seres que tem a faculdade sublime de fazerem o papel de vítima, como Cristo. O que ganhou ele com isso: “ O não esquecimento da sua pessoa! A perpetuou a memória da sua crucificação.” É um facto histórico da civilização e um facto religioso ao nível das religiões mundiais. Não há memória na história da humanidade de um ser iluminado tratado com tanta crueldade e que não teve ninguém a seu favor.Não quero acusar ninguém ao escrever sobre estes assuntos, apenas apresento factos, questões para que se possa pensar um pouco melhor. Isto ao fim ao acabo nada tem a ver com deus, antes é bem humano o que aqui se passa. Porque se tivesse a ver com deus, então teríamos de aceitar estas dicotomias entre bem e mal, e portanto logo o violador/corruptor/violentador doméstico não poderia ter castigo porque é uma condição da faceta do deus, e a vítima não devia ser desmerecida porque é outra faceta.
Resumindo, tudo isto é de facto mais complicado do que imaginemos. Por outro lado, imaginemos que uma vítima não importa qual seja a natureza do seu infortúnio, construísse um blog e contasse a sua visão das coisas; e agora imaginemos que um usurpador, violador, assassino criasse o seu blog e contasse todos os seus actos. Em pouco tempo viríamos, como aqui já foi dito entre comentários e textos expostos, que inevitavelmente a atracção seria pelo horror, ou seja pelo criminoso.
Uma "Leitora De Mulheres e Deusas"
A quem agradeço o interesse a participação e a lucidez do seu texto!
A quem agradeço o interesse a participação e a lucidez do seu texto!
1 comentário:
Texto Magnífico !!!
Parabéns...
Vou deixar aqui apenas uma estatística (muito difícil de encontrar, por sinal...)
sobre a criminalidade feminina, ou seja onde a mulher é a acusada, e julgada culpada:
03,7%
Ora, se levarmos em conta que muitas saõ condenadas como cúmplices de homens, outras por penalizações por aborto, etc... esse numero é ainda menor...
Por outro lado, os crimes contra a mulher... bom, esses são mesmo altíssimos, e ainda temos de levar em conta que um grande número de mulheres sofre em silêncio...
Nana
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