O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, agosto 25, 2008

AS MÃES E AS MULHERES...


É PRECISO TER CORAGEM PARA SER MULHER...

As mães não são todas Mães...as mães são só partes de mães na divisão e fragmentação do seu ser...as mães que se viram só mães e que tiveram de se virar para fazer face às suas múltiplas dificuldades, não podem ser boas mães. PORQUE AS MÃES NÃO SÃO MULHERES...São um verbo de encher...

As mulheres dentro do sistema patriarcal e da sua educação secular que as reduz às funções de mães e esposas normalmente não amam as filhas... amam descaradamente mais os filhos, mas não tendo filhos é natural que sejam mais próximas de alguma das filhas uma que a não confronte com o seu outro lado pois há sempre um outro lado da mulher que ela teme...Seja filha seja mãe seja irmã, a outra pode ser sempre a "rival"...
As mulheres tem dificuldade em lidar com as filhas, tem dificulade em se darem com outras mulheres, tem dificuldade em se reverem nelas e aos seus problemas mal resolvidos, em se reverem nos seus medos e ódios, nas suas frustrações e revoltas caladas, preferindo sempre os homens e os filhos homens menos problemáticos e menos sujeitos aos dramas e aflições que as mulheres enfrentam como mães ou amantes e até como filhas preteridas...a sua divisão interior entre a mulher séria e a mulher perdida...a ideia da santa e a prostituta é um pesadelo de vida mesmo que inconsciente, mesmo que já nem se ligue a isso, vive-se os seus reflexos...e está lá sempre o estigma a espreitar...na vizinha do lado, nos amigos do Bairro, na família....o medo de ser...
"Aquela rapariga não presta"...é uma isto e uma aquilo...veste-se assim ou assado, foi para Paris ou é mãe solteira, nem pensar dares-te com ela...

Foi assim no meu tempo e da minha mãe muito pior...é-o assim para as minhas sobrinhas porque eu filhas não tive...mas sei dos seus problemas com os maridos possessivos ou ciumentos e as suas paixões frustradas, sei-o com as filhas das minhas amigas...
As mulheres ficam sempre a perder e são elas sempre quem sofrem...são elas que são violentadas e mortas...quando querem decidir sozinhas as suas vidas...e sei-o das netas que também não tenho, mas são os nammorados que as tratam com desprezo e são violentos...
Dizem as estatísticas!!!
Assim, para as mães foi e é mais fácil ter filhos...os homens não engravidam, nem são violados...os homens não são acusados de serem putas se não se portarem bem ou não forem virgens...a não ser que sejam gays não lhes dão grandes problemas.... Estas são as coisas do passado, dirão algumas pessoas, mas está tudo lá ainda...oculto ou disfarçado, a violência no namoro e em casais muitos jovens aumenta e não é senão por insegurança dos homens e a luta da mulher que se desenha entre dois mundos sem pertencer a nenhum...a mulher que quer ser livre e igual aos homens...quer dar uma queca ou uma rapidinha, não se quer prender nem voltar a casar e pensa que não tem consequências mas tem, a curto ou longo prazo... A mulher não tem lugar nesta socieade porque ela não sabe qual é o seu legitimo lugar, não sabe qual é a sua verdadeira identidade...
Ela é uma sobrevivente e sendo-o vive de esquemas, vive insegura, vive contra tudo e contra todos e talvez sonhe ainda com o príncipe encantado embora farta de comer sapos...
Hoje em dia ela é livre, diz-se...tem um bom emprego e quando sai do trabalho vai jantar fora ou à Boite dos blakes...dança a noite toda e depois vai com um qualquer, mais novo ou mais velho...mas nada a satisfaz...sim isso era o que me contava ontem a prima de uma amiga...que eu não imaginava o que se passava hoje em dia... e que ela me ia levar a uma boite para eu ver a quantidade de mulheres frustradas ou desesperadas, confusas e perdidas, mas livres... mulheres especias, fantásticas, bonitas e bem arranjadas mesmo com uma certa idade, e que já não são donas de casa, são médicas e engenheiras, divorciadas, quase todas formadas dizia, que procuram engates sem consequência... e faziam-no até na praia ou num canto...como no sexo e a cidade...
Mulheres livres de fazerem tudo o que os homens fazem, mas sem substância, sem essência sem tranquilidade, sem paz interior...sem amor, só em busca de prazer...fugaz...passageiro, sem compromisso, sem nada... e até já pagam se for preciso... depois a angústia, o vazio, o desepero e o mesmo ciclo vicioso, sempre até cair doente...sem saber para onde vai...
Sim, para onde vão essas mulheres sem centro, sem nexo só à procura de um sexo...de um prazer que ás vezes nem têm...

“a mulher não está sabendo, mas ela está cumprindo uma coragem. A coragem da mulher é a de não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem”. - Clarice Lispector

 

6 comentários:

Luíza Frazão disse...

Querida Rosa Leonor,

Este post foi comentado no meu blog

http://saberdesi.blogspot.com

Com muito amor e carinho

Abraço

Luíza

Anónimo disse...

Obrigada Luiza pelo seu empenho...mas como dizia à juliana a quem de certo modo respondia ao seu comentário, este quadro não é de julgamento, é de pena e perante tanto sofrimento inútil, porque há sofrimento inútil e penso que no estado de insconsciência das mulheres todo o mal que se fazem é inutil...
Também acho que é um preconceito católico o medo de julgar...ou de ver realísticamente as cosias, mas isto tudo é discutível de acordo com as perspetivas de cada um e os seus conceitos...
Mas fico sempre surpreendida quando as mulheres julgam que as estou a acusar da...sei que sofrem e são humilhadas, que pagam caro o preço...e podem não pagar e isso é o que eu gostava que elas percebessem, há sofrimento natural que chegue para evoluirmos... concordemos ou não, é positiva a sua intervenção, traz sempre correcções...

abraço afectuoso
rosa leonor

Nana Odara disse...

Não falei sobre acusações e julgamentos... apenas disse que nem todas as mães são Mães, como vc resumiu muito bem o meu pensamento, a idéia...
Mas vejo todas as mulheres em transição, inclusive eu...
Umas mais à frente, outras andando e umas que ouviram o galo cantar mas não sabem onde...rs...
E claro ainda há aquelas que tapam os ouvidos e não querem enxergar nada de novo...
Enfim...
Beijos Lindona...
Tbm vou te blogar...rs...

Anónimo disse...

Comecei a ler este texto na Nana e cheguei até aqui. Gostei muito.

Grimoire disse...

Levei comigo :)

rosaleonor disse...

Leve sempre...abraço
rl