O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, março 18, 2007

O SER DE LUZ...


FALAR DE DEUS...

As pessoas normalmente falam para Deus/a sem saber que falam para uma parte luminosa do seu ser, desconhecida à partida. Qualquer criatura por mais embutida que seja tem disso uma clara ou vaga percepção. A oração é isso. A evocação do sagrado em nós recorrendo a uma imagem ou arquétipo que é activado pelo transporte – necessidade individual de atingir esse outro lado do nosso ser supostamente inatingível. Isso seria no meu intuir o que os egípsios quereriam significar por “criar afinidade com o nosso Ka” ou Duplo...

Esse outro lado de nós, que crentes e não crentes, procuramos desvendar e atingir ora através das formas mais variadas ao nosso alcance, no outro e na sexualidade como busca exclusiva do orgasmo (a que vulgarmente chamamos amor...) ora nas drogas, no alcóol ou qualquer outro meio e excesso à partida, depois seja na meditação, visualização e mantras, flagelações ou devaneios místicos... ou mesmo na simples oração... Daí que todas as fés e credos, quando verdadeiros e individualizados possam acccionar as mesmas e idênticas experiências místicas nos que são sinceros e os mesmos desvarios de horror nos fanáticos que não têm acesso a esse interior. Só a veracidade e ressonância do apelo do coração faz a conecção com esse lado oculto de nós próprios – dependentemente da projecção que se faz ou da ideia alargada que se tem de um deus ou algo que nos transcenda - nos permite atingir tais estados. No entanto julgo que só depois da união dos dois lados do ser e na integração do feminino/masculino, do céu e da terra (yin e yang) podemos atingir a plenitude do Ser Maior e chegar a essa parte transcendente de nós a que chamamos deus...ou ser uno e indivisível.

No caminho tudo depende da nossa total sinceridade e da nossa vigilância face ao ego – ter discernimento entre a persona e a essência - que quer sempre por orgulho (ego) fazer-nos maiores ou mais humildes do que somos à partida e aí é que está o maior perigo dos caminhos e crenças e mesmo práticas, que geram antagonismos e ódios, quando não têm acesso à experiência pura de AMOR que habita cada e todo o ser humano.

Toda a fragmentação e luta do ser humano contra outro ser humano na dicotomia mal e bem, homem e mulher, é ainda o espelho dessa desunião interior dos dois lados de cada ser e reflexo da separação de que todos sofremos à partida e que as cosmogonias chamam a “queda” ou cisão dos seres (“castigo” e saída do Paraíso), e que divide o mundo em facções contrárias e que começam sempre em cada ser ao desconhecer a sua totalidade. As experiências místicas que nos elevam a Consciência a um Deus/a maior que também somos nós, situam-se a meu ver nessa relação interior entre um lado mais ou menos conhecido a que chamamos “eu” (inferior) e o outro lado desconhecido a que chamamos deus ou espírito, (eu superior) e que nos permite nessa possível e pressentida fusão, sentir o êxtase ou completude do nosso ser e que consideramos à partida estados provenientes da graça de deus e que nos transcendem (como vindos do céu...) separados da nossa realidade e vontade humana, mas que na verdade são vislumbres ou respostas ao nosso fervor e sinceridade de uma totalidade que já existe dentro de nós e é activada pela oração ou devoção através de uma alquimia interior...
Trata-se de certo modo de uma mudança de frequência, acesso a “estados alterados” – face à mente comum - e que não são mais do que vislumbres do nosso potencial e verdadeiro Ser a atingir, numa realização verdadeiramente humana e que a religião – re-ligare – instituida impede através do dogma e do preconceito, criando medos e distanciando o indivíduo da sua própria essência colocando um deus temeroso e castigador acima de nós e inatingível a que é preciso pedir perdão da nossa miséria e rezar de joelhos e em sacrifício... O deus dos fundamentalismos, a ocidente ou a oriente, que prometem o céu e matam na terra.
As religiões instituidas são a antítese da realidade interior, do amor e da paz que pregam! São a origem da contenda e da divisão entre os seres humanos! São elas que descriminam os seres.
São na maior parte das vezes a origem e causa das Guerras que assolam o Planeta! ( rlp)

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