O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, março 16, 2007

O SILÊNCIO DA MULHER



Boa noite. Aqui mais uma vez. De facto não eram anjos, mas sim deuses gregos filhos de César. Curiosa a fotografia. Está tudo dito nas entrelinhas. Homem másculo, curvas perfeitas qual adónis exalando sensualidade sexual. Nada erótica. (Será???) Mulher pendurada, afogada e estática olhando o nada e a segurá-la a nova mulher do futuro. A Mulher masculina vestida de Napoleão. (Risos) Eu preferia olhar com outros olhos e interpectar essa mulher meio homem como o andrógino. Mas, terei de descer aqui à terra onde o cenário se passa. A história é outra concerteza. Desculpe escrever tanto. Mas, lendo aqui o seu blog não resisto.

(Voltei...) Às vezes penso que a mulher tem muito mais poder através do silêncio. Não digo do silêncio da vítima, do silêncio por não ter capacidade de expressão ou outra que a impossibilita. Menciono um outro tipo de silêncio que trabalha activamente nos bastidores e direcciona as situações ou os acontecimentos. Isto parece-me paradoxo, no entanto quase que às vezes tenho essa leve percepção que a mulher detêm muito mais poder através desse silêncio que ainda não foi consciencializado. A mulher inspira medo devido ao seu poder de olhar qual lente macro para determinada coisa, contrário, o homem inspira medo devido ao seu exímio carácter, o de posse sobre as coisas. Mulher que se dá e entrega, homem terá que a aceite porque lhe vampirizará a força interna em beneficio de si mesmo. Vejamos as situações em que mulheres com carisma, quando casaram viraram sombra de si mesmas, enquanto eles se tornaram homens de força e cujo charme pessoal aumentou.

Bem que, actualmente numa certa sociedade dita burguesa isso já não aconteça tanto, porque temos a era das miraculosas cirurgias que esculpem os corpos para lhe devolverem a terna juventude e apagam magicamente a sombra viva das suas óbvias vidas. No entanto naquela área da sociedade em que não se consegue chegar ao pódio de tais cirurgias, a mulher é o rosto vivo do seu apaziguamento. Não tem condições para apagarem as vivências a que foram votadas. São a obra final de um massacre não só psíquico, mas também físico. Não importa a condição académica, social e económica de um homem, porque o seu desejo de posse é comum a todos, na mulher a submissão é igual. Há razão aqui nos seus textos expostos quando referem que a mulher se tornou masculinizada.

Seguem o caminho do imperador e abandona a imperatriz e isto sem falar da sacerdotisa que é mais profunda. Quero dizer com isto que o Imperador é alguém que está acima da água, da emoção e portanto, não a vê porque relegou-as para o mundo inferior e por isso não vê o mundo inferior e por isso não tem relevância e força sobre si visto que o seu olhar está focalizado na razão e, olha somente para o lado direito da vida e suplanta a via esquerda. Embora sobre os seus pés ele tenha a mãe natureza, ele não as vê porque nunca olha para baixo. Como tem o olhar focalizado para a direita e fixado no poder que isso lhe dá, não há pensamentos para mais a não ser somente isso.
A autoridade e o poder o fascinam; toda essa sensação de fascínio o afasta das verdadeiras raízes. Geralmente pessoas que assimilam este imperador ficam estáticas e fixadas na ambição, no poder, na posse, no sucesso, na fama, no dinheiro, no sexo. Embora tenha as características de razão, pragmatismo que também é necessário nesta vida, há quem fique mergulhado no aspecto denso deste imperador. Isto tanto é válido para mulheres como para homens, e daí essa ideia de que as mulheres estão se tornando masculinizadas, porque estão completamente coladas à face densa do Imperador ¿ carta de tarot numero 4.
Actualmente vivemos sobre este império do Imperador, a sacerdotisa e imperatriz foram dar uma volta aos bastidores e quem sabe até foram presas numa masmorra. Talvez o patriarcalismo esteja a concretizar o seu sonho de sempre. De transformar esta terra sob o céu num único mundo de homens de alma, carne e coração, dando como concretizado a insígnia perfeita do seu slogan: Feita à minha imagem, O Pai. Já que a trindade não tem feminino por lá, a não ser a pomba, e ainda assim é a pomba do espírito santo que é interpretado por eles como sendo Homem, o homem divino. Abraços... nsseeao 15-03-2007 23:01:52


Pode considerar-se co-autora deste Blog...

Tenho o maior prazer em a ler e publicar...além de que como é óbvio o seu pensamento está em perfeita sintonia comigo. Percebo quando fala desse silêncio da mulher, mas como diz, teremos de descer à terra onde o cenário se passa...e dar voz a Cassandra votada ao descrédito por Apolo... Voltar ao Oráculo de Delfos como Pitonisa e recuperar a Voz da Deusa. Penso que assim poderemos - talvez seja um sonho - salvar a Terra Mãe e a Natureza tão desprezada pelo Imperador...

Um abraço rl

Sem comentários: